quinta-feira, 10 de julho de 2008

Medo!

Medo!! Ultimamente sei muito bem o significado desta simples e ao mesmo tempo assustadora palavra…

Tenho medo de viver neste mundo tão cruel e desigual. Este medo que sinto já faz parte da minha vida, pois ao longo da vida tem-se que fazer escolhas e eu tenho medo de as fazer, pois escolho sempre o caminho errado e quando descubro isso já é tarde para mudar. Gostava de nunca sentir medo, mas o facto é que já chego a ter medo de ter um relacionamento amoroso, porque mais uma vez tenho o tal medo de que as coisas não resultem e que saia magoada, ou ainda pior, magoar alguém com isso. Penso que os relacionamentos mais cedo ou mais tarde são para causar sofrimento e aí toda a alegria é esquecida havendo apenas lugar para o sofrimento.



Por mais ridículo que possa parecer, eu até de mim tenho medo, pois muitas vezes tomo atitudes e comportamentos que nem parecem ter vindo de mim, como por exemplo a auto-mutilação. Tenho medo do passado, do presente e principalmente do futuro… Nunca se sabe o dia de amanhã, e o que com ele vem. Vivo num sobressalto acerca do relacionamento dos meus pais, parece que mais cedo ou mais tarde vem outra bomba e com ela sofrimento, magoa e traição.

Enfim, pareço uma prisioneira do sentimento medo! Praticamente tenho medo de tudo (medo de viver) … Mas um grande medo que eu tenho é nunca poder concretizar o meu sonho de tirar o curso de pára-quedista, por causa da palavra de um simples médico neurologista. Por vezes, pergunto-me porquê que eu agora sou assim mas a única resposta que encontro é que eu no fundo sempre fui assim, mas só agora é que reparei nisso.

Eternas dúvidas

Apetece-me escrever, mas no fundo não sei muito bem o que dizer. Talvez a vontade de escrever seja a vontade que eu tenho de arrancar dentro de mim estes sentimentos malignos que só me fazem sofrer, talvez porque a minha vontade neste momento era desaparecer e cortar-me. Sim, a minha verdadeira vontade era cortar os meus braços todos outra vez!



Não consigo perceber ao certo o que está errado em mim, na minha vida para eu me sentir tão mal, sem vontade de viver uma juventude dita “normal”. Acho que é isso que me prejudica, pois não sei onde está o problema para o resolver. Já tive muitos problemas familiares, alguns amorosos, problemas na escola, mas agora estou de férias de Verão, era suposto estar alegre, pois não tenho de ir para aquela maldita escola, mas mesmo assim sinto-me péssima. Socorro...




Queria poder arrancar o meu corpo da minha alma, a vontade de me magoar fisicamente é tão grande… Queria poder cortar-me sem que para isso outras pessoas tenham de sofrer. Mas sei que se me voltar a cortar para além dos meus pais, todos os meus amigos que me têm apoiado vão sofrer muito e vão ficar muito desiludidos comigo.


Não me sinto corada da auto-mutilação e tenho medo de voltar a cair na tentação de me cortar e com isso perder os meus amigos, ou fazer com que eles se afastem de mim. Acho que é este medo o meu maior “aliado” para não me auto-mutilar de novo.






terça-feira, 1 de julho de 2008

Amor, um sentimento cruel!

Este é o meu primeiro dia de férias de Verão. Deveria ser um dia estupidamente espectacular, mas pelo contrário sinto-me estranha sem saber o que realmente sinto e quero da minha vida. Descobri que não sei nada sobre o que sinto, apenas sei que vai uma imensa confusão na minha cabeça…


Minha cabeça tentou convencer meu coração de um sentimento errado, pensei que apenas sentia por ele uma grande admiração, carinho e amizade, mas afinal descobri o que no fundo já sabia mas não queria ver, eu ainda não o esqueci completamente…

Magoa saber esta cruel verdade, pois sei que vai ser para sofrer novamente. Faço de tudo para nunca perder a amizade dele, pois considero a amizade o maior bem precioso que uma pessoa pode ter. Isto deixa-me confusa porque não queria sentir isto, nem descobrir isto agora, veio na pior altura possível. Mais uma vez vou deixar de tentar viver a minha vida por causa deste sentimento… Muitas vezes pergunto-me porquê existir o amor? Só serve para nos fazer sofrer, pois por mais momentos bonitos que existam, vai haver sempre maus momentos que vão fazer esquecer os bons momentos e com isso sofrer.



Não sei que devo fazer, acho que sou diferente de toda a gente. A cada dia que passa parece que desaprendo a conviver, até mesmo com os meus amigos de há muitos anos. Penso que já não tenho solução, vou ser sempre uma rapariga complicada e frustrada com a vida e comigo própria.








sexta-feira, 13 de junho de 2008

Frágil como uma flor

Com este blog para além de explorar a auto-mutilação, eu pretendo não ficar só por ai e falar também dos meus sentimentos e de outros assuntos que ache pertinentes.


Esta semana fui a uma consulta de psiquiatria no Hospital São Marcos em Braga, apesar de ir contra a minha vontade… Tudo aquilo me pareceu muito estranho e deprimente. Senti que estava cada vez mais perto de ficar maluca. Olhava à minha volta e só via crianças, pessoas que por de trás daquele rosto escondem mágoas e sofrimento… Comecei a tomar consciência que se eu estava ali é porque também estou de certa forma como elas.


Senti-me presa naquele local, da qual não podia sair, a vontade que eu tinha era de fugir, pois não tinha vontade nenhuma de falar com uma pessoa sobre o que se passa na minha vida sem saber se essa pessoa ia realmente perceber tudo que sinto. Só queria fugir, andar sem destino. Pois é assim que me sinto sem destino…











Cada dia que passa eu penso que é mais um dia no caminho para a loucura. Tiraram-me tudo o que me fazia viver e que muitas vezes me leva a não cometer mais um acto de auto-mutilação. Tiraram-me o meu sonho, o paraquedismo. Bastou um médico falar para decidir o meu futuro, se é que ele existe… Sempre tive tanto cuidado para que nada impedisse o paraquedismo e de repente vem um médico e diz-me que nunca mais vou poder praticar paraquedismo.


Sinto-me uma pessoa incapacitada e frágil como uma flor. Todos os que me rodeiam mesmo sem se aperceberem fazem-me sentir assim, frágil como uma flor.


Sinto-me sem rumo e sem qualquer plano para o futuro, pois retiraram-me todos, com uma simples palavra de um médico.














sábado, 7 de junho de 2008

Uma questão de escolha…





Enquanto o Verão não chega é muito mais fácil esconder os diversos cortes no nosso corpo, mas não é eternamente Inverno e um dia o Verão chega, e nesse momento tem-se duas escolhas possíveis a fazer... ou se esconde o mais possível de tudo e de todos usando roupa que tape e deixamos de poder usar aquela camisola que tanto gostamos, e a praia então é para esquecer. Vivemos num constante sobressalto com medo que alguém veja os nossos cortes, uma eterna frustração, fugindo até das pessoas que mais amamos.
A outra escolha é admitir perante todos o que se faz e ai tem-se que sofrer com as consequências dos nossos actos. Fazemos sofrer quem gosta de nós, as pessoas na rua olham de cima a baixo tentando disfarçar os olhares indisfarçáveis cheios de pena ou de juízos de valores sobre uma pessoa que nem sequer conhecem.
Na escola, ou simplesmente no local de trabalho toda a gente vai comentar e os mais curiosos e maldosos vão perguntar o que temos nos braços, sabendo perfeitamente do que se trata. Tudo só para satisfazer as suas curiosidades e poderem falar depois… Quando menos se espera surge uma pessoa a fazer-nos as mesmas perguntas que enumeras pessoas já fizeram e ai vamo-nos sentir mal, com vontade de fugir daquela situação ….











Eu escolhi assumir que sofro de auto mutilação, pois sempre assumi o que faço na minha vida, não era agora que me ia esconder. Quando tomei esta decisão estava consciente das consequências que poderia ter mas mesmo assim não me escondi, pois não ia deixar de usar certas camisolas e andar cheia de calor por causa dos outros.
Também decidi assumir perante toda a gente porque acho que não devo estar calada e parada se poder ajudar alguém na mesma situação ou até mesmo ser um exemplo para que mais ninguém o faça. Iria sentir-me muito feliz de saber que com o meu testemunho pude ajudar alguém.
Penso que o sítio onde tive mais receio de me revelar foi na escola, porque é o ambiente onde eu estou mais tempo e ai tem o problema das bocas que ouço e sabia que ia ouvir, mas mesmo assim não me arrependo de o ter feito, pois sinto que muitas das bocas são de uma total ignorância e passam-me ao lado. Quando alguém por maldade me perguntar o que eu fiz, eu respondo, o que tu nunca deves fazer…
Tento alertar que este problema existe e que não sou a única pessoa a passar por ele, mas infelizmente ainda há muito a tendência de se querer esconder este problema, como se ele não existisse, mas a realidade é que ele existe e tem que ser resolvido.






terça-feira, 20 de maio de 2008

Tudo por um corte!


Tudo começou num simples corte, onde aparentemente seria o primeiro e o últmo, mas não foi bem assim...

Quando me cortei pela primeira vez, não foi por influências de ninguém, ainda é hoje o dia que eu não sei o porquê de o ter feito. Mas no entanto, sem saber muito bem no que me estava a meter e quais as possiveis e inevitáveis consequências continuei-me a cortar. Rapidamente isso se tornou um hábito e ao mesmo tempo uma necessidade. Os cerca de cinco cortes passaram para dez, quinze, vinte,... O controlo que eu pensava que tinha, deixou de existir, passava o dia inteiro a pensar quando é que podia fazer o próximo corte. Quando estava nas aulas, onde não podia sair para o fazer eu perdia totalmente o controlo de mim mesma, deixava de ouvir por completo tudo o que era dito na sala de aula, começava a morder os lábios como se os fosse comer até eles deitarem sangue, beliscava as minhas mãos (o que me fazia acalmar nestas situações), enfim auto mutilava-me ali mesmo de uma forma mais leve, se isso existe! Era horrivel ter aquela sensação de querer e não poder por simplesmente não poder sair da sala.

Contudo, cortava-me sempre que podia e cada vez me isolava mais para o poder fazer à vontade e porque cada vez mais era assim que me sentia, sozinha. Sentia-me sozinha, apesar de saber que isso não era verdade, mas mesmo acompanhada eu sentia-me um ser à parte, diferente de todos, parecia que não sabia ter uma simples conversa, vivia e ainda vivo um pouco num mundo à parte onde só existo eu e mais ninguém.

Quando desabafava com os meus amigos sobre isto eu sentia que eles queriam tentar perceber o que se tava a passar comigo, mas ninguém, nem mesmo a psicologa, eu acho que alguma vez perceberam o que eu sentia realmente.

Todos faziam um esforço mas nunca ninguém percebeu, talvez porque nenhum deles passou por uma situação parecida.