terça-feira, 20 de maio de 2008

Tudo por um corte!


Tudo começou num simples corte, onde aparentemente seria o primeiro e o últmo, mas não foi bem assim...

Quando me cortei pela primeira vez, não foi por influências de ninguém, ainda é hoje o dia que eu não sei o porquê de o ter feito. Mas no entanto, sem saber muito bem no que me estava a meter e quais as possiveis e inevitáveis consequências continuei-me a cortar. Rapidamente isso se tornou um hábito e ao mesmo tempo uma necessidade. Os cerca de cinco cortes passaram para dez, quinze, vinte,... O controlo que eu pensava que tinha, deixou de existir, passava o dia inteiro a pensar quando é que podia fazer o próximo corte. Quando estava nas aulas, onde não podia sair para o fazer eu perdia totalmente o controlo de mim mesma, deixava de ouvir por completo tudo o que era dito na sala de aula, começava a morder os lábios como se os fosse comer até eles deitarem sangue, beliscava as minhas mãos (o que me fazia acalmar nestas situações), enfim auto mutilava-me ali mesmo de uma forma mais leve, se isso existe! Era horrivel ter aquela sensação de querer e não poder por simplesmente não poder sair da sala.

Contudo, cortava-me sempre que podia e cada vez me isolava mais para o poder fazer à vontade e porque cada vez mais era assim que me sentia, sozinha. Sentia-me sozinha, apesar de saber que isso não era verdade, mas mesmo acompanhada eu sentia-me um ser à parte, diferente de todos, parecia que não sabia ter uma simples conversa, vivia e ainda vivo um pouco num mundo à parte onde só existo eu e mais ninguém.

Quando desabafava com os meus amigos sobre isto eu sentia que eles queriam tentar perceber o que se tava a passar comigo, mas ninguém, nem mesmo a psicologa, eu acho que alguma vez perceberam o que eu sentia realmente.

Todos faziam um esforço mas nunca ninguém percebeu, talvez porque nenhum deles passou por uma situação parecida.

1 comentário:

Rita disse...

Olá, à cerca de 3 anos atrás aconteceu-me exactamente o mesmo, cortava-me, isolava-me, e chegava o ponto também de cortar o cabelo, só para não ficar com tantas marcas. O prazer de sentir a lâmina a cortar aliviava a dor que fazia sentir nos outros. Falava com os meus amigos mas nenhum deles conseguia entender o porquê de o fazer, tal como disse, eles não passaram pelo mesmo.
Mas tudo passa, e felizmente, o prazer que tinha, deixou de existir, embora às vezes tenha vontade de o fazer novamente. Beijinho (: